Métodos de ensino da língua e processos de aquisição da linguagem
Cileya de Fátima Rocha Neves e colaboradores
O presente artigo trata de métodos de ensino da língua, e dos processos de aquisição da linguagem, relacionado com a teoria behaviorista, envolvendo-os para o aprendizado da fala. Também devo acrescentar que o processo de ensino e aprendizagem também se envolvem para essa formação da língua.
O que é aprender? O que é ensinar? Como é a atribuição da Teoria Behaviorista para com a aquisição da linguagem? O que é a linguagem e qual é a sua natureza?
O processo de aprender é bastante complexo, envolve vários fatores, tais como afetivos, sociais, econômicos e até políticos. Por outro lado, o ensinar envolve também inúmeras variáveis e pode ser considerado, digamos, como algo estático, ou, por outro lado, aberto a experiências dialógicas, nas quais questões da comunicação são consideradas como essenciais.
Alinho-me a este segundo exemplo por acreditar que a aprendizagem e a construção do conhecimento são dialógicas por natureza. Sendo assim, o ensino e aprendizagem são processos complementares, mediados pelo uso da linguagem. Os métodos de ensino e aprendizagem podem ser vistos como orientações para que o professor comece a refletir sobre os processos envolvidos, possibilitando construir sua própria visão demonstrada pela prática diária.
Na aquisição da linguagem, ao meu ver, o método como se desenvolve a língua; como se adquire as primeiras palavras; a fala, enfim, é tudo um processo, embora natural, é longo e difícil.
O começo dessa aquisição seria o primeiro choro da criança ao nascer. Durante o processo, com o passar dos dias, a criança aos poucos vai adquirindo suas primeiras palavras através do seu comportamento observável, ou seja, a criança cercada da família, observa as palavras, e de acordo com a fase em que se encontra, tenta se comunicar com quem o cercam.
Tais fases, a primeira seria a do jargão, em que a criança começa a produzir cadeias de enunciados; meias palavras, ainda não analisáveis, mas que são completamente interpretáveis para nós adultos. Ocorre normalmente aos dezoito meses de vida da criança. A segunda fase será a das palavras, em que a criança através de imitações; gestos, desenvolvem as primeiras palavras, ocorrendo por volta dos dois anos de idade. A terceira e última fase seria a das frases onde a criança já empregando estruturas com frases curtas, com erros de gramática e de pronúncia, mais porém não deixa de ser frases compreensíveis, sendo que a criança já é capaz de produzir uma verdadeira comunicação.
Aos poucos, ela vai notando algumas inadequações em sua produção oral, observando o comportamento adulto e modificando-os.
Sendo assim, a língua, para a criança é um instrumento que ela usa para se comunicar e satisfazer suas necessidades.
A criança percebendo seu comportamento vocal, adquire a linguagem através de condicionamentos, estes seria os estímulos. Aqui é que se encaixa a teoria behaviorista se relacionando com a aquisição da linguagem.
Behaviorismo como já se sabe é uma palavra inglesa, que se refere ao estudo do comportamento, que focaliza a análise dos mecanismos que ativam um comportamento humano. Surgiu no começo deste século como uma proposta para a psicologia, para tomar como seu objeto de estudo o comportamento.
Na Idade Média, a igreja explicava o comportamento do homem pela posse de uma alma. Já no início deste século, os cientistas considerava o comportamento pela existência de uma mente.
As capacidades da alma causavam e explicavam o comportamento deste homem. Já as idéias em suas mentes, tais impressões mentais geravam seu comportamento. Vejam que ambas são posições dualistas: o homem é concebido como tendo duas naturezas, uma divina e uma material, ou uma mental e uma física, como quiserem.
Os representantes da teoria behaviorista para com a aquisição da linguagem postulam que a aprendizagem é obtida através de condicionamentos. “O condicionamento é uma forma básica de aprendizado que envolve uma resposta simples ou uma série complexa de respostas a determinados estímulos”. Para tanto, a psicologia deveria tomar a designação de reflexologia e se limitaria ao estudo dos reflexos, ou seja, os reflexos inatos e condicionados constituiriam o fundamento das respostas dos indivíduos aos estímulos do meio.
A partir de pesquisas sobre o condicionamento procurou-se explicar os processos de aprendizagem, caracterizada nesta teoria, basicamente pela mudança de comportamento, destacando-se o estudo sobre a aquisição da linguagem.
Devemos considerar que existe na lingüística uma discussão sobre como a criança aprende a língua que passará a dominar mais tarde. Neste texto damos ênfase a teoria behaviorista em relação a aquisição da linguagem defendida por Skinner ( 1957 ). Essa teoria defende que o aprendizado lingüístico e não – lingüístico, ocorre por meios de estímulos, reforços e privações. Assim, o comportamento verbal pode ser controlado através de condicionamentos positivos e negativos.
Skinner propunha ser capaz de predizer e controlar o comportamento verbal mediante variáveis que controlam o comportamento, estas seria os estímulos, as respostas e os reforços já citados anteriormente, e a especificação de como essas variáveis interagem para determinar uma resposta verbal.
Ele quer dizer que a criança através de estímulos positivos ou negativos, tende à entender de que maneira deve se comportar. Se esse estímulo for positivo, a tendência é que o comportamento se mantenha, mais se do estímulo da criança, a resposta para com ela for reforçada negativamente, o comportamento é eliminado, ou seja, a criança aprende que esse último estímulo tentativo, não é correto, e ela já adquire para que não se repita. Se não há reforço, ou seja, se não há resposta positiva e nem negativa, o comportamento também tende a desaparecer.
“Imagine a situação de uma criança que vê a mãe e quer sair do berço (estímulo). Ela começa a chorar (resposta). Caso a mãe a retire do berço, ela está reforçando positivamente o comportamento da criança, isto é, a criança aprende que para sair do berço deve chorar. Se, por outro lado, a mãe não atender a criança (reforço negativo), esta aprenderá que não é chorando que vai conseguir sair de lá. O mesmo princípio é usado para o aprendizado da língua. Imagine que a criança vê a mamadeira (estímulo) e diz papá. Se ela conseguir com isso que lhe dêem a mamadeira, será reforçada positivamente, aprenderá que quando quiser comida deve dizer papá”.
Em sua teoria, Skinner compara o aprendizado lingüístico a outros tipos de aprendizado, e afirma que todo o comportamento é desenvolvido através do reforço e da privação. Neste ponto, o behaviorismo recai num processo indutivo, pois analisa apenas os fatos observáveis da língua.
Sendo assim, o Behaviorismo no processo de aquisição da linguagem, considera somente os fatos observáveis da língua, o comportamento em si, sem preocupar-se com a existência de componentes organizados que possa estar trabalhando junto com experiências na construção da gramática de uma língua.
Durante a aquisição, não se pode falar que a criança usa palavras, e sim fragmentos enunciativos, pois é justamente o erro que indica que a criança está trabalhando com as formas verbais.
A tese associacionista afirma que “quando um certo estímulo ambiental “x”está presente, ele tende a provocar uma resposta “y”, se esta levar a um esforço positivo”. (Marykato. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística, 1990. p. 111).
Os comportamentalistas afirmam que a pessoa que cuida da criança deve modelar as formas adultas corretas e fazer usos do reforço e recompensa para corrigir as produções imitativas da criança. Através dos tais processos “estímulos, respostas, reforços” ( que podem se manifestar de forma positiva ou negativa), ocorre a maturação do comportamento verbal, ou seja, por esse processo, a criança torna-se um comunicador maduro.
Durante a tradição estruturalista da lingüística, essa proposta foi muito aceita, pois fazia uma associação entre som e significado.
No entanto, a teoria behaviorista da aquisição da linguagem foi muito criticada. Vale ressaltar aqui os seguintes aspectos: A teoria behaviorista não explica como as crianças produzem sentenças nunca ouvidas antes e mesmo assim, compreendemos tais sentenças. E “nem todas as sentenças têm sua referência no contexto em que são produzidas”. (Raquel dos Santos. A aquisição da linguagem pp. 217 – 218).
Segundo alguns críticos, a teoria comportamentalista define que o processo de aquisição ocorre de forma muito rápida. “Se o aprendizado se dá por imitação, seria esperado um tempo muito maior de exposição a língua para que a criança adquirisse um repertório suficiente de frases para que pudéssemos dizer que ela aprendeu uma língua”. (Raquel dos santos. A aquisição da linguagem. P. 218).
Para Chomsky somente uma teoria mentalista, conseguiria formar a aquisição gramatical de uma língua. Ou seja, Chomsky quer dizer que a criança conduz o conhecimento da língua nem sempre de observações e sim de conhecimentos internos e inatos, é que se torna possível chegar a uma verdadeira e determinada língua.
O behaviorismo surgiu em oposição ao mentalismo, apresentando o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estímulos gerado pelas próprias crianças, tentando se comunicar para satisfazer suas necessidades. A criança não consegue lidar com as profundezas da mente e nem da personalidade.
O behaviorismo ignora a consciência, os sentimentos e os estados mentais, negligencia os dons inatos e argumenta que todo comportamento é adquirido durante toda a vida do indivíduo.
Por fim, todas estas considerações acerca do comportamento governado por regras, determino aqui que este artigo é como uma tentativa de contribuir para a discussão por meio da análise de alguns usos do conceito de regra na linguagem cotidiana e na análise experimental do comportamento relacionado a teoria behaviorista.
BIBLIOGRAFIA
KATO, Mary A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. São Paulo: Atica
KAUFMAN, Diana. A natureza da linguagem e sua aquisição. In GERBER, Adele, problemas de aprendizagem relacionados à linguagem: sua natureza e tratamento. Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MAROTE, João Teodoro D’Olim: FERRO, Gláucia D’Olim Marote. Didática da Língua Portuguesa. São Paulo: Atica, 1996.
Palestra apresentada no II Encontro Brasileiro de Psicoterapia e Medicina Comportamental, Campinas, out/93. Versão revisada encontra-se publicada em Bernard Range (org). Psicoterapia comportamental e cognitiva; pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas, Editorial Psy, 1995.
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SANTOS, Raquel. A aquisição da linguagem. FIORIN, José Luiz (org). Introdução a lingüística: I. Objetos teóricos. São Paulo: Atica, 1996.
O presente trabalho, sob a orientação do professor Vicente Martins., da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Estado do Ceará, contou com a elaboração das alunas do Curso de Letras Cileya de Fátima Rocha Neves, Maria Cydnayla Melo Vieira, Maria Nazaré De Carvalho e Neudiane Moreira Félix
segunda-feira, 28 de maio de 2007
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