segunda-feira, 28 de maio de 2007

COMO DESENVOLVER A COMPREENSÃO LEITORA DAS CRIANÇAS COM DISLEXIA




Prefeitura do Sinop(MT)
Secretaria Municipal de Educação e Cultura
Serviço de Educação Especial


COMO DESENVOLVER A COMPREENSÃO LEITORA DAS CRIANÇAS COM DISLEXIA[i]
(Seleção de textos)


SINOP – 2007

I – Como desenvolver a consciência fonológica em leitura

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinícius de Moraes)

II – Como localizar informações explícitas em um texto

Leia o trecho.

Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.
Uma vez elas notaram que faltava milho no cesto para moer. Que fizeram as valentes mulheres? O seguinte: sem medo, enfurnavam-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca. Quando saíam de debaixo das copas encontravam o calor, bebiam no reino das águas buliçosas. Mas sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça. (Clarice Lispector)

De acordo com o texto, quem encontrava as espigazinhas murchas e sem graça eram
(A) os índios
(B) as mulheres
(C) os animais
(D) os garotos

III – Como inferir o sentido de uma palavra ou expressão

Leia o texto.

O sapo

Era uma vez um lindo príncipe por quem todas as moças se apaixonavam. Por ele também se apaixonou a bruxa horrenda que o pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. “Se não vai casar comigo não vai se casar com ninguém mais!” Olhou fundo nos olhos dele e disse: “Você vai virar um sapo!” Ao ouvir esta palavra o príncipe sentiu estremeção. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra feitiço tinha dito. Sapo.Virou um sapo.

ALVES, Rubem. A alegria de ensinar.Ars Poética, 1994.

Na frase “O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava”, a palavra brava significa

(A) apaixonada
(B) calma
(C) furiosa
(D) horrenda


IV- Como inferir uma informação implícita em um texto

Porquinho-da-índia

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1996.

Na frase “Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas”, o menino quer dizer que o porquinho
(A) não gostava dele.
(B) só queria ficar na sala.
(C) não ligava para as delicadezas dele.
(D) gostava de lugares bonitos e limpinhos.


V- Como identificar o tema de um texto

Os rios precisam de um banho

A população das cidades esquece a importância dos rios e os
utilizavam como cestas de lixo. O resultado muita gente já deve conhecer : enchentes!
Com tanto entulho, os canais de drenagem – isto é, o caminho que as águas percorrem morro abaixo, acabam ficando entupidos e causando inundação em dias de chuvas fortes. Para evitar as enchentes – que, além da destruição, trazem doenças -, a solução é não jogar lixo nos rios. O lugar das coisas que não queremos mais, sejam chinelos, garrafas ou até eletrodomésticos, é lata de lixo!

TORRES, João Paulo Machado. Os rios precsam de um banho. Ciência Hoje das Crianças,Rio de Janeiro: n 98,p. 21, dez 1999.(fragmento)
O texto trata:
(A) da poluição dos rios.
(B) da poluição das indústrias.
(C) da reciclagem do lixo
(D) do desperdício de água

VI- Como identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.

Saudade

Filisbino Matoso andava que era uma tristeza só. Não queria
nada com a vida nem aceitava consolo de ninguém.
Quem passasse lá pelas bandas do Sítio da Purunga Sonora ia
ouvir os lamentos do moço.
- Ai! Como sofro! Sem minha querida Florisbelta não posso
viver. De que me vale este lindo sítio com lago, se estou nadando em lágrimas
Todos que moravam no Purunga Sonora e nos arredores sabiam da história da Florisbelta. Era o grande amor de Filisbino Matoso. A choradeira havia começado com o raiar do sol, quando a tal Florisbelta, sem avisar ninguém, resolvera tomar o caminho da cidade.

SALLOUTI, Elza Césari. O bilhete que o vento levou. São Paulo: Salesiana Dom Bosco,1991.

A finalidade do texto é

(A) ensinar uma receita.
(B) ensinar um jogo.
(C) contar uma piada.
(D) Contar uma história


VII- Como estabelecer relações entre as partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

Leia o trecho

“Por ter uma visão apurada o cão consegue, mesmo que a certa distância, perceber alterações nos movimentos de uma pessoa amedrontada. O animal descende do lobo e dele herdou o instinto de caça. Se alguém passa a andar furtivamente com uma postura submissa, ele identifica logo uma presa fácil.”

A palavra grifada no texto refere-se

(A) a alguém.
(B) ao cão.
(C) ao instinto.
(D) ao lobo.

VIII - Como identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.

O leão apaixonado

Certa vez um leão se apaixonou pela filha de um lenhador e foi pedir
a mão dela em casamento.O lenhador não ficou muito animado com a idéia de ver a filha com um marido perigoso daqueles e disse ao leão que era muita honra, mas muito obrigado, não queria.
O leão se irritou; sentindo o perigo, o homem foi esperto e fingiu que concordava:
- É uma honra, meu senhor. Mas que dentões o senhor tem! Que garras compridas!
Qualquer moça ia ficar com medo. Se o senhor quer casar com minha filha, vai ter de arrancar os dentes e cortar as garras.
O leão apaixonado foi correndo fazer o que o outro tinha mandado; depois voltou à casa do pai da moça e repetiu seu pedido de casamento. Mas o lenhador, que já não sentia medo daquele leão manso e desarmado, pegou um, pau e tocou o leão para fora de sua casa.

Fábulas de Esopo. Compilação de Russel Ash e Bernard Higton, tradução de Heloísa Jahn.
São Paulo: Companhia das Letrinhas,1994.p.20.

O problema, na história, é resolvido quando

(A) o leão se apaixonou pela filha do lenhador.
(B) o lenhador concordou com o pedido de casamento do leão.
(C) a moça ficou com medo do futuro marido.
(D) o leão arrancou os dentes e cortou as garras.


IX - Como estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto.
Os lobos e os cordeiros

Alguns lobos queriam surpreender um rebanho de cordeiros. Como não podiam pega-los, porque havia cães tomando conta deles, viram que seria preciso usar uma artimanha para fazer isso. E, tendo enviado representantes deles aos cordeiros, diziam que os cães eram os culpados de sua inimizade e que, se eles lhes entregassem os cães, haveria paz entre os lobos e os cordeiros. Os cordeiros, sem imaginar o que lhes iria acontecer, entregaram os cães aos lobos,que, desse modo, facilmente acabaram com o rebanho, que ficara sem guarda.

Esopo: fábulas completas / tradução direta do grego, introdução e notas por Neide Cupertino de Castro Smolka. São Paulo : Moderna, 1994. p.124.

Os lobos não conseguiam apanhar os cordeiros porque eles

(A) viviam muito longe.
(B) eram guardados por cães.
(C) não sabiam o que ia acontecer.
(D) não tinham representantes.


X - Como identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

Texto 1

Texto do caipira

O caipira andava ao longo da estrada seguido de dez cavalos. Nisso, veio um automóvel e o motorista gritou para o caipira:
- Você tem dez. Mas eu tenho duzentos e cinqüenta cavalos! – E – vruuum! – saiu em disparada!
O caipira continuou seu passo. E lá na frente estava o carro virado dentro do rio, ao lado da ponte.
Aí, o caipira falou pro motorista:
- Oi, cumpadre! Dando água pra tropa, é?

Trecho retirado do livro “As últimas anedotinhas do bichinho de maçã”, de Ziraldo.

Que palavra do texto indica o modo de falar de uma pessoa que mora no meio rural?

(A) Cumpadre
(B) Disparada
(C) Passo.
(D) Tropa.

Texto 2

O saber da Vovó

Na noite chuvosa, Dona Carmelita se preocupava com Maurinho: febre alta, diarréia, boca seca, suores frios. O médico estava longe daquele sertão e remédios não havia em casa.
O que fazer? – pensou Dona Carmelita.
Logo ela se lembrou de como sua avó fazia quando ela era criança. Preparava um remedinho fácil: água, açúcar, sal, limão e amido de milho misturadinhos, e oferecia-lhes em bons goles. E assim foi feito...
Amanheceu. Maurinho dormia tranqüilo e Dona Carmelita preparava, no fogão-a-lenha, um bom mingau de fubá e dizia:
- Esse é forte e dá sustança!

Qual das frases abaixo apresenta o registro de linguagem informal?

(A) “Dona Carmelita se preocupava com Maurinho”
(B) “Esse é forte e dá sustança.”
(C) “Maurinho dormia tranqüilo.”
(D) “O que fazer? – pensou Dona Carmelita.”





[i] MARTINS, Vicente. Curso de Capacitação em Dislexia. Sinop(MT), SECS/Serviço Social de Educação Especial, 2007. O Curso foi ministrado no período de 26 de fevereiro a 02 de março de 2007, em Sinop(MT). Os textos desta pequena antologia foram extraídos SAEB 2001 – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB. Relatório SAEB 2001 – Língua Portuguesa. Brasília: MEC/INEP, 2002.

Nenhum comentário: