segunda-feira, 28 de maio de 2007

CONCEITOS BÁSICOS DE DISLEXIA E CORRELATAS



Dislexia


É uma dificuldade duradoura na aquisição da leitura. Para se constatar uma dislexia, é preciso descartar algumas outras situações que não devem ser confundidas. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia9 (ABD):
A criança não deve ter bloqueios emocionais que a impeçam de aprender; não deve ser nova demais para a alfabetização, isto é, exclui-se a imaturidade; deve ter tido pelo menos dois anos de escolaridade, com uma didática adequada. Isto significa que apenas aos 8-9 anos podemos afirmar que a criança é disléxica.
O quadro de dislexia pode variar desde uma incapacidade quase total em aprender a ler, até uma leitura quase normal, mas silabada, sem automatização. Surge em 7 a 10% da população infantil, conforme a ABD, independente de classe sócio-econômica, pois se exclui a didática deficiente.
O quadro básico é de uma criança que apresenta dificuldade para identificação dos símbolos gráficos. O distúrbio se encontra nas funções de percepção, memória e análise visual. As áreas do cérebro responsáveis por estas funções se encontram no lobo occipital e parietal, principalmente.
A criança disléxica não deve ser alfabetizada pelo método global, uma vez que não consegue perceber o todo. Precisa de um trabalho fonético e repetitivo, pois terá muita dificuldade na fixação dos fonemas. Necessita de um plano de leitura que inicie por livros muito simples, mas motivadores, aumentando gradativamente e só à medida que lhe for possível, a complexidade.
2.6.3. Disgrafia
O termo disgrafia é a dificuldade parcial, porém, não a impossibilidade para aprendizagem da escrita de uma língua. Assim, de acordo com a divisão tradicional, a disgrafia se subdivide em: a ‘disgrafia específica’ ou propriamente dita, e ‘disgrafia motora’ . Na primeira delas não se estabelece uma relação entre o sistema simbólico e as grafias que representam os sons, as palavras e as frases. A isto se denomina simplesmente disgrafia. A segunda ocorre quando a motricidade está particularmente em jogo, mas o sistema simbólico não. A isto denomina-se discaligrafia, entendendo-a não somente como o resultado de uma alteração motora, mas também de fatores emocionais (restrição do eu, etc.), o que altera a forma da letra.
Os indicadores que se consideram para a disgrafia recebem os mesmos nomes que os indicadores de dislexia, apenas observa-se que na primeira estes ocorrem na escrita (inversão, substituição, translação, omissão, agregado, etc.) e, na segunda, na leitura.
Exemplos de alguns indicadores de Disgrafia10:
- Inversão de letras - ne x en; areonautas x aeronautas
- Inversão de sílabas - penvasa x pensava
- Inversão de números - 89 x 98; 123 x 213
- Substituição de letras - gogar x jogar; irnão x irmão
- Substituição de sílabas - ponta x pomba
- Substituição de palavras e substituição de números - menino x ninho; lindo x grande; 3225 x 325
- Casos especiais de agregado: - Por reiteração: quando se agrega uma mesma letra, sílaba, palavra ou número (passassada por passada).
- Por translação: pode ser prospectiva ou retrospectiva.
- Prospectiva: Ex: “toma tosopa” por “toma sopa”.
- Retrospectiva: Ex. “mea aproximei” por “me aproximei”.
- Omissão de Letras - tabém x também
- Omissão de sílabas - prinpal x principal
10 Alguns destes dados foram retirados da Internet: www.nib.unicamp.br -acessado em 04/12/2001
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- Omissão de palavras - por não voltar... x por favor, não voltar
- Omissão de números - 32 x 302
- Dissociação de palavra - ci ne x cine
- Contaminação de letras - fortese x fortes
- Contaminação de sílabas - sedeitou x se deitou
- Contaminação de palavras - haviaúma x havia uma
- Ignorância de uma grafia (dificuldade para evocar e representar uma grafia) - resíduo agráfico num sintoma disgráfico
O termo disgrafia motora (discaligrafia) consiste na dificuldade de escrever em forma legível. Os indicadores mais comuns da discaligrafia são: micrografia; macrografia; ambas combinadas; distorções ou deformações; dificuldades nos enlaces; traçados reforçados, filiformes, tremidos; inclinação inadequada; aglomerações, etc.
A criança consegue falar e ler e as dificuldades ocorrem na execução de padrões motores para escrever letras, números ou palavras. Pode ocorrer defeito motor ou apenas na integração (neste caso a criança vê a figura mas não sabe fazer os movimentos para escrever as letras). Geralmente estas crianças são hipotéticas, desequilibradas, disárticas (fala lenta). Os graus de comportamento são variáveis.
Os casos em que ocorre um distúrbio importante da integração visual espacial e motricidade representam disfunção no lobo parietal e frontal. Quando há dificuldade apenas na produção de uma letra proporcional e legível a disfunção ocorre predominantemente no lobo frontal ou no cerebelo. Alguns autores chamam este último quadro de discaligrafia ou disgrafia motora. Esta situação não é um desleixo ocasional, e sim uma deficiência constante. Não se obtém uma produção mais adequada repreendendo-se a criança.
Deve-se comparar a sua própria obra, para obter um parâmetro da sua melhor produção. Este deve ser o objetivo a ser alcançado e não a perfeição, que para esse
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aluno é inatingível. O professor deve trabalhar a conscientização do aluno para sua melhor performance e reforçá-lo positivamente sempre que a alcance.
2.6.4. Disortografia
A Disortografia muitas vezes acompanha a Dislexia, mas pode também vir sem ela. É a impossibilidade de visualizar a forma correta da escrita das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala e sua escrita, por vezes, torna-se incompreensível. Não adianta trabalhar por repetição, isto é, mesmo que escreva a palavra vinte vezes, continuará escrevendo-a erroneamente. É preciso trabalhar de outras formas, usando a lógica quando isso é possível, a conscientização da audição em outros casos, como por exemplo: em “s”e “ss”, “i” e “u” etc.
A disortografia pode ser observada na realização do ditado onde se apresentam trocas relacionadas à percepção auditiva. Por exemplo: F por V (faca/vaca).
Essa disfunção ocorre no lobo temporal. Na escrita espontânea (por redação, interpretação de textos lidos ou ouvidos) há também envolvimento das áreas visuais (lobo parietal e occipital).
2.6.5. Discalculia
Discalculia é a incapacidade de compreender o mecanismo do cálculo e a solução dos problemas. É um quadro bem mais raro e quase só acontece acompanhado de síndromes. O que ocorre com maior freqüência é uma estruturação inadequada do raciocínio matemático, em função de uma didática inadequada e excesso de conteúdos.
A criança de primeira série não tem condições de operar sem o concreto e precisa estruturar demoradamente a construção do número e o raciocínio de situações problema. Se isto não lhe é permitido e lhe são exigidos logo números grandes e situações problema abstratas, ela não é capaz de compreensão e usa a estratégia da mecanização, que lhe impede a aprendizagem verdadeira.
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A disfunção ocorre nos lobos parietais e occipitais.
2.6.6. Lesão Cerebral
A lesão Cerebral afeta a criança como um todo. Pode ser sensorial, isto é, auditivo, visual ou mental. É um sério rebaixamento da capacidade intelectual ou ainda emocional grave, como Autismo ou Psicose.
No obstáculo sensorial a criança freqüentemente pode ser trabalhada em classe regular, mas o professor precisa receber orientação paralela de como atuar.
Sendo deficiência mental leve, também poderá ser trabalhada em sala de aula regular, mas necessitará também de um acompanhamento paralelo.
Se for uma deficiência mental moderada, ou um problema emocional sério, a criança deverá ser encaminhada a uma classe especial ou, se necessário, a uma escola especial.
O obstáculo global é diferente do funcional, no sentido de que afeta a criança como um todo e principalmente no caso da deficiência mental, a criança apresentará dificuldade em todas as áreas.

2 comentários:

bárbara disse...

olá, tenho um parente com alguns desses 'sintomas', e gostaria de saber como posso obter um diagnóstico formal. moro em recife, meu email é babiadelle@yahoo.com.br

grata

Ana Prigol disse...

dislexia pode se manifestar em adultos ?Tenho tido dificuldades no meu trabalho com a inversão de numeros enchergo ex.: 693, mas na hora da soma digito 963,isso faz com que tenha que rever a soma varias vezes e não sao so com esses numeros ,seria somente uma falta de atenção ou posso começar a me preocupar ?